24 de junho de 2008

Apelidos

Nossa, que saudade do meu blog! Depois de 20 dias sem fumar, 20 dias depois das férias e praticamente 20 dias sem pique pra escrever estou de volta...
 

E voltando hoje para casa pensei em escrever a respeito dos apelidos e adjetivos que damos ou recebemos das pessoas.
 
Eu estava no trânsito hoje quando um babaca me fechou. Ele estava totalmente errado, quase passou por cima da guia e me cortou pela direita! Imediatamente soltei meu mais novo adjetivo-apelido, aquele que tenho dado às pessoas babacas e sem noção que vivem fazendo besteira por aí: Zé Ruela.
 
Bom, de onde surgiu o Zé Ruela eu não tenho a menor idéia, adotei por ter ouvido meu irmão falar e achei engraçado. Tá certo que se levarmos em consideração o histórico do meu irmão para colocar apelido nas pessoas pode-se até suspeitar que isso foi invenção dele mesmo, mas com certeza deve ter sido um apelido inventado em algum tempo remoto por algum cara debochado em homenagem ao seu amigo babacão.

E é bem com esse significado que uso o Zé Ruela: pessoa babaca, o que se acha malandro mas é o pateta, o vacilão (figurinha muito comum hoje em dia, onde quer que você esteja).

Tem também um outro adjetivo-apelido, que tenho usado muitíssimo nos últimos tempos, tamanha a frequência de ocorrências que tenho visto no comportamento dos homens em relação às mulheres nos dias de hoje. O contrário também acontece, mas vou usar o exemplo carinha "inho"/mulherão (mas que vale também para a garota "inha"/homão) porque é o que parece acontecer com mais frequência, mesmo porque homão de verdade dando mole hoje em dia tá mais raro que mosca branca.

Mas vamos lá: Pense em um carinha bonitinho, charmosinho, legalzinho, totalmente "inho", bem do normalzinho. Agora pense numa mulher linda, inteligente, divertida, independente e descolada. Por alguma razão que nem Freud explica, essa mulher se interessa pelo carinha. Ao invés de aproveitar essa bênção provinda de alguma promessa pra arrumar mulher que ele deve ter feito pra Santo Antônio há uns mil anos atrás (e que só ele não percebeu que acabou de ser atendido), o fulano reage da seguinte maneira:

1) Fica com medo e foge
2) Fica mudo e acaba deixando a moça sem graça e sem saber o que fazer pra tentar estabelecer um bate papo com aquele ser que de repente ficou oco de assunto.
3) Olha pra aquele mulherão que por milagre se interessou por ele e fica se achando, imaginando que está com a bola toda (quando na verdade ela é quem deve ter tido um surto psiquiátrico) e acaba dando uma de gostoso esnobe.

Esse adjetivo-apelido eu agradeço a uma amiga por ter me apresentado, pois já ouvi vários adjetivos usados para descrever o cara que age assim com uma mulher, mas nenhum parece se encaixar tão bem e ser tão engraçado ao mesmo tempo. Deve ser simplesmente pela sonoridade da palavra, já que ela é apenas o nome do inofensivo peixe voador que aparece na fotinho desse post e aparentemente não tem nada a ver com o significado com que eu a uso, mas apenas ela consegue sustentar a força do adjetivo e o desejo de expressar, em uma só palavra, o fulano que age como qualquer uma das três situações acima citadas: o cara é COIÓ! E se além disso ele for daqueles que pegam o carro e saem a milhão ouvindo um funk carioca ou putz-putz no último volume, ele consegue o bônus: além de COIÓ é ZÉ RUELA também!

Tá certo que esses são alguns adjetivos-apelidos genéricos que eu uso no dia-a-dia, mas existem alguns apelidos mais pessoais que acabam realmente incorporando ao nome da pessoa, ou até substituindo-o!

E como já comentei lá em cima, vou usar meu irmão como inspiração, pois esse tem o dom de dar apelidos às pessoas. Por exemplo:

Rani - o nome de sua esposa (é isso mesmo, era pra ser "Honey", mas o nome se fundiu tanto que virou Rani na forma escrita, e ambos chegam a se chamar mutuamente de "Rã" apenas)

Babalu - minha irmã morena, de olhos castanhos e cabelos lisos que ele cismou ser parecida com a personagem de Letícia Spiller numa antiga novela, e a apelidou com o mesmo nome da personagem (reparem que a Letícia Spiller é loira de olhos verdes, igualzinha à minha irmã)

Hanoy - cunhado marido da Babalu

Jislow - minha outra irmã. Nesse caso ele fez uma fusão do apelido em função da abreviação do próprio nome dela (Ji) com um gremlin (Gizmo), porque uma vez ela resolveu imitar o tal Gremlin cantando. E o "w" do final foi por conta própria, acho que pra dar um charme...

Mister - cunhado marido da Jislow

Rosicler - cunhada esposa do "Çeusso"

Miréia - Essa que vos escreve. Além desse, ele (juntamente com o outro irmão "Çeusso") já me deram um milhão de apelidos: Milene Rás, Everest (e a saga do cabelo continua), Mimimi Telesena (em referência ao primo It da Família Adams, ou seja, a mesma crítica ao meu cabelo como no apelido anterior, acrescido à minha vontade de comprar uma telesena quando criança), entre tantos outros.

Derino Carioca - esse é um auto-apelido, que ele negou até a morte quando descoberto e sacaneado pelos outros irmãos, por conta da assinatura de uma cartinha de amor infantil com o tal "pseudônimo".

Meu irmão tem mesmo uma imaginação bem fértil para apelidos. Mas tenho alguns amigos e conhecidos que também têm apelidos bem interessantes: Marmita, Zé do Bote, Bigorna, Lêndia, Zanza, Fofucho, Bambam, Krekré (que também vive dando apelidos para os outros, como Cabelo, Toddynho (eu de novo), Coco, Loiro, Banana), Frango, Pinguim, Cabeça, Pitú, Clish, Lemon, Popov, Jacaré, Kiwi, Botucatu, Cris Joelho, Pai, Dejota, Tempero, Fandangos, Bete Puff, Zita, entre outros.

E num post falando de apelidos eu não poderia deixar de citar a família Reis Caldeira ultra criativa nesse quesito. Porque afinal de contas são tantos os apelidos que de alguns parentes ninguém nem sabe o nome!

Eis alguns deles: Toco (um tio e uma prima), Déda, Filhinha, Sando, Luis Barqueiro, Ezezo, Côca, Didia, Tatana, Idé, Bié, Vina (ou Gracinha) e Seu Biltes (meus pais), Zaé, Chio, Dodô, Tudi, Cuca, Bolão, Pepe, Figonha, Marga, Mica, Didi, Vicoto, e por aí vai...

O fato é que um apelido é uma nova identificação que se cria para a pessoa. Podem ser carinhosos, apenas o diminutivo do nome ou a abreviação, ou denotar alguma característica própria do indivíduo.
Mas sempre têm, lá no fundo que seja, algum significado bem verdadeiro, que em alguns casos podem até ser traumatizantes ao apelidado.

Portanto, pra finalizar, e por eu ser muito boazinha, vou deixar uma dica super especial para quem ler esse post: seja inteligente o suficiente pra não ganhar o apelido de "Zé Ruela, o Coió".

Porque se esse apelido pegar porque tem a ver com você, pode ter certeza de que isso vai queimar bem feio o seu filme...

Música do dia: Televisão (Titãs). Em homenagem ao meu pai e seu outro apelido "Ô Cride, fala pra mãe!"

6 de junho de 2008

É grátis!

Hoje vim pra falar de um assunto sério. O assunto é sério mesmo, mas se pararmos pra pensar vamos ver que na verdade é a maior piada que existe!

Acabei de ver no jornal que o Ministério da Saúde está querendo aprovar um projeto para que os hospitais do SUS realizem a cirurgia de mudança de sexo gratuitamente na rede pública de saúde. Quando ouvi a notícia eu nem sabia se chorava ou se dava a maior gargalhada do planeta!!!

Vou repetir, de maneira bem didática: O Ministério da Saúde quer transformar gratuitamente "pipis" em "piriquitas".

Peraí, GRATUITAMENTE?!?


Será grátis para quem for realizar a cirurgia, mas esse procedimento, de acordo com a mesma notícia, é realizado em clínicas particulares pelo preço de R$ 15.000,00. Ou seja, quem vai pagar por esse projeto estúpido somos nós, trabalhadores pagadores de impostos.

Antes que alguém saia por aí metendo o pau em mim me acusando de preconceituosa, vou deixar muito claro aqui que não tenho nenhum preconceito, tenho amigos homossexuais que simplesmente adoro, mas também tenho uma posição muito firme à respeito das opções que cada um faz na sua vida.

Costumo usar uma frase célebre do meu pai, que ele usa quando quero filar cigarros dele (usava, faz 2 dias que não fumo, êêê): "Cada um que sustente seu vício".
Porém nesse caso específico vou fazer uma adaptação do ditado para que fique mais adequado à essa questão: "Cada um que sustente a sua opção".

Sim, porque os homossexuais têm todo o direito de lutar para serem respeitados, São Paulo já possui a maior parada gay do planeta, a cada dia eles conquistam mais espaço e mais direitos, cada um na sua de boa.
Agora usar o dinheiro público para sustentar a "vaidade gay"? Me desculpem, mas é abusar da boa vontade das pessoas e da saúde alheia, diga-se de passagem...

É só pensar na situação dessa forma que vou colocar agora, e quem quer que leia isso, hetero ou homo, se tiver um mínimo de bom senso, vai ver que eu tenho razão.

Pegue esse exemplo: o fulano, com um problema de coração, precisa fazer uma ponte de safena para sobreviver. Esse mesmo fulano já aguarda há mais de 1 ano uma operação pelo SUS (ou vocês acham que aqui é a Suíça onde o sistema de saúde público funciona no momento em que se precisa dele?).
Pois bem, agora imaginem que o projeto seja aprovado, para que a cirurgia de mudança de sexo seja feita gratuitamente no SUS.
Uma pessoa nessas condições provavelmente teria que esperar pelo menos 2 anos para ser operada, já que agora entraram na fila dos centros cirúrgicos públicos vários "homens" saudáveis que querem virar meninas (tudo bem, dizem que ocorrem problemas psicológicos nessas pessoas, mas problema psicológico se cura com terapia, não com cirurgia!).
É justo isso com pessoas doentes que realmente precisam de uma cirurgia para continuarem vivas (se conseguirem, é óbvio, depois de toda essa espera)?

Nessas horas me pergunto porque ao invés desse tipo de projeto imbecil o Ministério da Saúde não aprova algum projeto de "cirurgia de laqueadura obrigatória após o parto do segundo filho de famílias classificadas na linha da pobreza e/ou miséria"?

Já tô até ouvindo "Ai, Milene, você é uma ditadora!".
Se meu pensamento é ditatorial em tentar ver o bem da sociedade como um todo (que é o que os governantes deviam fazer), então prefiro pensar como uma ditadora.
Pois se algum dia permitissem que um projeto como esse fosse aprovado, tenho certeza de que melhoraria muito a vida de todo mundo! É só pensar:

- menos escolas precisariam ser construídas para atender à demanda de crianças (já que nasceriam menos delas), podendo promover uma melhor qualidade do ensino (menos professores com melhores salários) e economizar verba pública (menos desvio de dinheiro em obras superfaturadas)

- menos hospitais com melhor atendimento (pelas mesmas razões descritas acima)

- a longo prazo o número de pessoas pobres ou miseráveis da sociedade diminuiria proporcionalmente.

- menos pessoas estariam desempregadas, já que as ofertas que iriam surgindo seriam disputadas por um número menor de pessoas numa sociedade onde o grande mercado consumidor (a classe média em geral) continuaria de "estável" para "em crescimento". A longo prazo isso provocaria o círculo virtuoso do capitalismo: mais pessoas empregadas - mais dinheiro para todo mundo - crescimento do mercado consumidor - geração de novas ofertas de emprego - mais pessoas empregadas.

- a vida da própria família em questão, já que essa ia ter uma qualidade de vida melhor como um todo (pois o pouco que têm seria dividido entre menos bocas), além de todos os outros itens descritos acima em relação ao serviço público e à oferta de empregos, que a beneficiariam de forma direta.

- menos crianças pedintes nas ruas, menos bandidagem por diminuição da pobreza, e por aí vai o efeito cascata.

Mas pensa que alguém quer resolver as coisas de verdade??? Que nada! Só pensam no próprio interesse (é esse maldito "jeitinho brasileiro": Vou ajeitar o meu lado e o resto que se dane...)

É só pensar que se um projeto desse fosse aprovado, o Bolsa Família não ia funcionar no futuro como alavanca eleitoreira presidencial.
Porque nesse caso, se pela lei um casal em condições de pobreza pudesse ter apenas 2 filhos, esses iam deixar de ser fonte de renda, pois além de serem menos crianças pra pedir esmola (e dessa forma acabar gerando menos receita), o valor em dinheiro recebido do governo também seria menor (pois este é pago por cada criança menor de idade na casa) e apenas 2 deles não seriam suficientes para acomodar ninguém na vadiagem (coisa que já vi acontecer de verdade em vários casos, o "jeitinho brasileiro" em ação de novo).
Assim o Bolsa Família deixaria de ser "ganha pão de preguiçoso fazedor de criança" e seria apenas um projeto social de auxílio às famílias carentes (?!?). Nossa, que coisa realmente terrível, não?

Olhando por esse lado, é realmente melhor mesmo, para o interesse próprio dos políticos em geral, que se adotem essas medidas totalmente descabidas de cirurgia para troca de sexo ao invés da laqueadura no parto como eu propus, pois além de não prejudicarem as metas populistas já implementadas, ainda direcionam as forças para buscarem um novo "nicho de mercado" para esse ano eleitoral (porque os homossexuais são uma fatia do eleitorado ainda pouco explorada e que aumenta a cada dia).

Mas se é pra ser uma palhaçada visando ao interesse próprio, vou deixar a minha sugestão esdrúxula para os políticos que quiserem atingir um grande nicho eleitoral, o maior de todos!

Aprovem um projeto "Silicone para todos", para que as cirurgias de implante de próteses mamárias sejam realizadas gratuitamente pelo SUS.
Tenho certeza de que quem aprovar esse projeto já está reeleito para o cargo que quiser, pois isso agradaria aos homens (muitos peitões a mais), às mulheres (meus peitos maiores) e aos transsexuais (meu peitão de verdade).

Porque se é pra ter idéias egoístas idiotas, melhor que essa não existe. E então, posso usar o seu imposto pra agendar a minha?

Música do dia: Robocop Gay (Mamonas Assassinas)

5 de junho de 2008

Dia de branco

Minhas férias terminaram ontem, hoje voltei ao trabalho. Acordei na maior preguiça do universo, já que nas férias estava acostumada a dormir até meio dia todos os dias. Foi legal rever os colegas do trabalho, mas logo que cheguei o clima tava péssimo, minha chefe estava dando a maior bronca nos gerentes!!! Ou seja, já cheguei no meio da fogueira...
Hoje foi um dia estranho no meu trabalho: pouca gente pra atender, eu totalmente perdida sem saber por onde recomeçar e sem lembrar os comandos a serem usados para fazer cada serviço, e aquela sensação de inadequação igual à que se sente no primeiro dia de emprego novo... E além disso tudo parecia que o tempo estava correndo 3 vezes mais lento que o normal, o dia não acabava nunca!!!

Como vocês podem ver não estou nem um pouco inspirada para escrever hoje, acredito que toda a minha imaginação só funcione bem quando deixo ela livre para passear e viajar, sem ter que ficar presa nas obrigações do dia-a-dia (que horror isso, a criatividade aprisionada pela rotina, quer coisa mais improdutiva?).

Mas quis passar para dar um alô e dizer que continuo viva, e que logo mais volto com as minhas crônicas (inspiradas, por favor!).
Hoje também tive uma ótima notícia a respeito do meu futuro que logo mais vou compartilhar, só estou esperando tudo se concretizar de verdade que coloco na roda, aguardem novidades!!!

Ah, mas o dia, por mais monótono que tenha sido, teve uma grande novidade: estou tentando parar de fumar, hoje não fumei nenhum cigarro. Fiz um acordo com meu pai a respeito disso, vamos ver até quando eu consigo ficar sem fumar e ao mesmo tempo continuar tendo cabelos na cabeça...

Não estou conseguindo nem raciocinar direito, mas a única coisa que se pode notar quando você deixa de fazer algo de que gosta (fumar, no meu caso) e ao mesmo tempo começa a fazer algo que não estava desejando fazer (voltar ao trabalho depois de 35 dias de férias) é que o resultado só pode ser um: CHATICE!!!
Acho que por isso tem tanta gente mal humorada pelas ruas de São Paulo...

Mas mudando de um assunto pro outro, gostaria que alguém me dissesse porque todo mundo, quando precisa ir embora de algum lugar porque vai ter que acordar cedo pra trabalhar no dia seguinte, diz:
- Vou nessa porque amanhã é dia de branco.
Não sei porque usam a expressão dia de branco... Ou será que as únicas pessoas que trabalham são os dentistas, médicos e enfermeiros?

Credo, vou parar por aqui com esse post, senão vou acabar espantando todo mundo com toda essa inspiração desse meu primeiro dia de branco depois das férias... Ah, e vou dormir cedo, para ver se passa essa vontade que eu tô de fumar...

Músicas do dia: É proibido fumar (Roberto Carlos) e Vai trabalhar, vagabundo (Chico Buarque)

3 de junho de 2008

The Bird and Sebastian

Ontem passei o dia na rua, então nem tive tempo de postar nada por aqui. Mas enquanto estava parada no meio do trânsito infernal de Sampa tive a idéia de escrever um pouco sobre música, já que meu carro não tem rádio e meu único companheiro de congestionamento é meu MP3 Player (Graças a Deus, diga-se de passagem, porque aí eu não preciso ouvir as músicas toscas que as rádios tocam atualmente).
Quem me conhece sabe que eu curto um rock and roll das antigas. Algumas das bandas que estão rolando atualmente no meu MP3 Player (e que recomendo para quem curte música boa):

- The Beatles
- The Mamas and the Papas
- The Beach Boys
- The Turtles
- The Bird and The Bee
- Belle e Sebastian

Todas essas (exceto as duas últimas) são da década de 60 e acredito que quase todo mundo conheça alguma coisa.
Na pior das hipóteses, quando o fulano diz que conhece Beatles, e começa cantando "Imédim dérs nou révãn", e eu tenha vontade de estrangulá-lo (mesmo porque essa música é do John Lennon solo), pelo menos quer dizer que ele sabe que o John foi um beatle.
Mas quero mesmo falar hoje a respeito das duas últimas bandas, que foram belas surpresas que eu tive quando conheci, além de comentar também sobre o mau gosto e a falta de senso crítico do povo brasileiro!

Um amigo meu me apresentou o The Bird and the Bee, que é uma dupla californiana formada em 2006 (música boa atual, que milagre!!!) por uma cantora, Inara George (o pássaro) e um multi-instrumentista, George Kurstin (a abelha). É um som pop eletrônico com influência da bossa nova e tropicália, e as músicas, além de perfeitamente interpretadas com a voz suave de Inara e a variabilidade instrumental combinada em arranjos maneiríssimos do George, são deliciosas e têm aquele arzinho retrô dos anos 60.

A outra banda, Belle e Sebastian, foi uma indicação do meu irmão. É um septeto escocês formado no final dos anos 90 que toca um som pop, com influências de soul e funk (aliás, ninguém me tira da cabeça que a música deles Song for Sunshine foi influenciada pelo Tim Maia Racional, com uma percussão bem abrasileirada). Um som ótimo, com letras bem legais, muito melódico e bem interpretado, além de acordes vocais lindos!

Quando ouvi essas bandas fiquei bastante surpresa, porque fazia tempo que uma banda moderna não me surpreendia tanto em qualidade musical, e lógico, acabei viciando...

Mas ao mesmo tempo me deu uma dorzinha no coração, porque quando perguntava pra alguém se conhecia uma das duas, ninguém nunca tinha ouvido falar, porque o que é bom nunca faz sucesso por aqui, e se você não acaba descobrindo por indicação de alguém ou por curiosidade musical na internet corre o risco de nunca chegar a conhecer.

Aí um belo dia estava falando com um outro amigo no msn e qual foi a minha surpresa ao ver que ele estava ouvindo The Bird and The Bee! Fui bater um papo musical com ele e comecei a falar do talento da dupla e de suas músicas, quando de repente ele diz: "Ah, nem sei quem é, só baixei essa música porque ouvi na novela das 8".

Que decepção! Porque depois desse comentário notei como funciona o gosto do brasileiro pela música: é só tocar na novela, ou no Faustão ou em qualquer outro lixo da TV que as pessoas se interessam em ouvir. No caso do The Bird and The Bee foi uma exceção à regra, já que na grande maioria dos casos as músicas divulgadas nesses programas populares de TV são "coisas" (nem tenho coragem de chamar isso de música) como Tati Quebra Barraco, Bonde do Calypso e a Dança do Créu, ou seja, pura tortura! (e a Constituição ainda diz que é crime inafiançável e insuscetível de anistia, que piada!).

E o que é ainda pior: O gosto musical da pessoa é inversamente proporcional à aparelhagem de som que ela tem no carro. Vi isso ontem no trânsito: eu, sem som no carro, ouvindo no fonezinho do MP3 player montes de músicas lindas e bem feitas, e do meu lado uma pick-up com adesivo "Já domei o boi, agora só falta a potranca", ouvindo uma música sertaneja breguérrima e horrorosa com letra baixo nível num volume altíssimo que até tremia o carro.

Se ainda tiver alguma dúvida em relação à minha tese, é só dar um pulo na Praia Grande num feriado prolongado para comprovar o que os carros com o porta-malas aberto estão tocando... Ou alguém já viu algum desses carros ultra-equipados tocando Bohemian Rhapsody ou Money for Nothing? E além disso ninguém vai preso pelo tal crime inafiançável ao qual fomos submetidos sem dó nem piedade...

Como cantora, filha de maestro e tendo a família inteira de músicos, tenho vontade de sentar e chorar por ver que no Brasil de hoje raramente quem tem talento faz sucesso (foi-se o tempo em que apenas os talentosos se destacavam, agora quem mais apela é que vai pra mídia e vira mania nacional). A única coisa que me consola é que, apesar de tudo, de vez em quando posso ouvir como a música do momento algo realmente bom, como o exemplo que dei da música "How deep is your love" da trilha sonora da novela interpretada pelo The Bird and The Bee.

E mesmo assim essa galera boboca maria-vai-com-as-outras vai continuar sem ter idéia de quem são os Bee Gees...


Músicas do dia: Selecionei duas de cada banda, mas recomendo ouvirem todas!
The Bird and The Bee - Again and Again e The birds and the bees (o instrumental dessa é fantástico, e deixo a dica: ouça com fone de ouvido, é a maior viagem!)
Belle e Sebastian - If she wants me e Song for Sunshine (duas músicas deliciosas em estilos totalmente diferentes)

1 de junho de 2008

Os perigos da infância

Estava eu pensando e fiquei realmente surpresa pelo fato de ter sobrevivido à minha infância. Aliás, todos os adultos que tiveram sua infância lá pelo início dos anos 80, como podem ainda estar vivos e com saúde?

Resolvi escrever a respeito disso por causa de uma frase que meu irmão soltou numa brincadeira ontem aqui em casa: "Tomar dois yakults por dia mata".

Como aquele leitinho fermentado com um pouco de açúcar e lactobacilos vivos pode ser tão perigoso? Seriam esses lactobacilos uma arma biológica, algo similar à bactéria do antrax para provocarem a morte?
Nada disso... Na verdade, essa história de que tomar dois yakults por dia mata foi a minha mãe que inventou para que nenhum dos 6 filhos resolvesse tomar o yakult do outro, mesmo porque só tinha um pra cada um!
Nesse caso, nem posso dizer que o raciocínio dela não estava certo, porque se alguém tomasse o yakult alheio e o dono do mesmo descobrisse quem foi, ele realmente estaria correndo o risco de ser morto pelo irmão!
E além disso, os dois yakults diários também poderiam causar um sério problema na casa dos Reis, porque tomar muito daquilo causa uma diarréia violenta ao guloso que, com certeza, seria o dono do trono por um longo período...

Mas o que é engraçado é que existem várias dessas invencionices que as pessoas fazem (sei lá porque razão) para assustar as crianças. Na minha infância tudo quanto existia causava câncer (se bem que hoje não é muito diferente, os pesquisadores e médicos também contam essas histórias, e pior ainda, para assustar os adultos: um dia o café causa câncer, no dia seguinte ele previne. A mesma coisa com a carne vermelha, o chocolate, o celular, e por aí vai...).

Mas vou relembrar aqui algumas das lendas que pessoas que não tinham o que fazer inventavam para colocar pavor nas criancinhas:

Dip'n Lik dá câncer: Quem tem menos de 25 nem deve saber o que é isso. Dip'n Lik era um pirulito que vinha dentro de um saquinho com açúcar e corante. Você chupava e mergulhava o pirulito todo babado naquele açúcar colorido que ficava colado, repetindo o procedimento até o final daquele pó engordativo. Aí um belo dia alguém disse que essa inocente guloseima dava câncer, e um monte de criança ficou morrendo de medo de se ver definhando na doença por causa do pirulito. Que coisa cruel! Quem inventou isso devia ser um fã dos Drops Paquera e entrou no desespero com a perda da popularidade da "paquera" diante dessa inovação dos doces!

Pulseirinha colorida com glitter dá câncer: Essa é ainda pior que o Dip'n Lik. Tá, é tão besta quanto, mas o Dip'n Lik ainda era um alimento, com muito açúcar e corante. Vai que de repente, com muitíssima pesquisa científica, podiam até chegar à conclusão de que se o fulano comesse muito Dip'n Lik, e tivesse nascido em Chernobyl em 1986, e vivesse ali exposto à radiação por 10 anos consecutivos, ele podia ter câncer. Mas essa da pulseira é um absurdo! Essas pulseirinhas eram de plástico colorido transparente com glitter dentro, e usava-se às toneladas, tanto meninos quanto meninas que queriam estar na moda New Wave. Não faz o menor sentido isso, mas diziam que quem usasse aquelas pulseirinhas teria câncer. Mas essa até tem uma explicação lógica: por serem usadas por ambos os sexos, provavelmente quem inventou foi algum pai preocupado com seu filho, que vivia usando pulseiras coloridas com glitter, camiseta modelo "mamãe quero ser gay" e tinha o sonho de ser um Menudo. É, se foi esse o caso (um filho treinando para ser um Menudo) até que é uma desculpa bem plausível pra esse pai ter inventado a lenda da pulseirinha: ele queria livrar seu filho das drogas.

Tatuagem transfix brilhante dá câncer: Mais uma coisa que dava câncer (e considerando-se também a lenda anterior descobrimos que o glitter é a substância mais cancerígena que existe!). Eram aquelas tatuagens brilhantes, vendidas em bancas de jornais ou que vinham no chiclete, para serem grudadas na pele. Porém a invenção dessa lenda provavelmente se deve a algum outro pai preocupado com o seu filho, com medo desse começar desde cedo a curtir tatuagem e logo mais acabar virando um punk revoltado com aspecto de gibi ambulante.

Xuxa e Balão Mágico têm pacto com o demônio: Quem nunca ouviu essa? Que se pegássemos os LPs da Xuxa ou do Balão Mágico (e Michael Jackson também) e girássemos ao contrário ouviríamos frases com a voz do demo. Quem inventou essa tentando assustar as crianças para ficarem com medo se deu mal, porque pelo que me lembro causou um efeito oposto: todas as crianças queriam comprar os LPs só para girarem ao contrário e ouvirem a voz do demônio, que na verdade era a própria música em rotação lenta cantada de trás para a frente. Ouvir o disco ao contrário não dava câncer, mas podia te mandar direto para o inferno! Pior ainda, acabou provocando um efeito colateral bastante desagradável: centenas de vitrolas quebradas...

Entrar na água depois de comer dá congestão: Essa talvez nem tenha sido criada por má-fé pra botar medo nas crianças, mas com certeza foi algum desinformado que inventou. Tá certo que fazer exercício depois de comer não é lá muito bom, pois pode provocar mesmo uma congestão, mas a situação crítica era com piscina e a água. Escalar o muro do vizinho, correr que nem um louco num pega-pega ou subir um morro de bicicleta eram tão ou mais perigosos que ficar nadando na piscina, mas isso podia fazer sem problemas (vai entender...). Lembro que quase todo mundo tinha aquelas piscinas Regan de lona que eram a sensação das férias de verão da criançada.
Imagina a judiação: depois de almoçar, aquele calor infernal e as mães dizendo que tinha que esperar 3 horas para entrar na piscina de novo (nossa, e que digestão lenta é essa? 3 horas dava pra digerir um boi inteiro!).
A criançada agonizando num sol de rachar, plantadas na frente do relógio contando os minutos para acabarem as malditas 3 horas (e não sei se é impressão minha, mas quando eu era criança 3 horas parecia uma eternidade, não passava nunca!).
Por conta desse rumor as crianças voltavam raquíticas das férias, por terem passado 2 meses inteiros sem comer só pra poderem ficar na piscina o dia todo.

Existem muitos outros exemplos: aqueles grãozinhos que estouravam na boca, se provados junto com coca-cola, explodiam o estômago (eram feitos de que, de césio?), fanta uva também dava câncer, entre tantas outras maluquices.

Um monte de baboseiras para colocar medo nas pobres criancinhas. Mas é por isso que eu digo que, apesar de todos esses "perigos da infância", a gente é forte pra burro.
Afinal de contas, sobrevivemos!!!

Música do dia: Não se reprima (Menudo)