9 de março de 2010

Vítima farsesca

Leia o editorial da Folha de São Paulo, sobre as mentiras que o PT antecipa quando se envolve, novamente, em um mar de lama. 

Nos últimos dias, José Dirceu mostrou a cara, novamente, no escândalo da banda larga. 

Fernando Pimentel, o coordenador da campanha chavista de Dilma, caiu com as novas revelações do mensalão petista.

José Vaccari Neto, o tesoureiro da Dilma, vai ter seu sigilo bancário quebrado e terá de explicar onde meteu R$ 30 milhões sacados na boca do caixa, prejudicando milhares de compradores de imóveis da Bancoop, a Cooperativa de Bandidos. 

E, neste domingo, volta à cena Luiz Gushiken, o "japa" que financiava Marcos Valério com verbas de propaganda públicas.

Um editorial da Folha de São Paulo para cruzar o Brasil inteiro.

VÍTIMA FARSESCA

Com tese de que a "mídia" o persegue, PT mantém figurino autoritário e se faz de injustiçado para encobrir falência moral

O TRUQUE é velho, e sua repetição só indica o hábito petista de afetar ares de pureza em meio ao pragmatismo mais inescrupuloso. 

Em documento oficial, a Executiva Nacional do PT reeditou, quinta-feira, a tese de que há uma "guerra de extermínio" contra o partido. Posteriormente, amenizou os termos. A promover tal "guerra" estariam "amplos setores do empresariado, particularmente a mídia". 

Mídia, no jargão corrente, significa todo jornal ou empresa de comunicação que não defenda figuras notórias do partido. 

Como, por exemplo, o ex-ministro José Dirceu, beneficiário de uma contribuição de R$ 620 mil pela assessoria prestada a um grupo com interesse na reativação da Telebrás. Ou como os mensaleiros denunciados por quem era então aliado do governo, o deputado Roberto Jefferson; ou ainda os "aloprados" -termo que o presidente Lula foi o primeiro, aliás, a empregar- da campanha eleitoral de 2006. Como, também, aquele assessor de um deputado petista, que foi preso ao tentar embarcar num avião com cerca de U$ 100 mil dólares na cueca. 

Aliás, se noticiar esse sistema de transportar dinheiro sonante fosse sinal de "guerra de extermínio", seria agora o DEM, e não o PT, a principal vítima de uma suposta conspiração. Mas nem mesmo os sequazes do governador Arruda arriscaram-se a ir tão longe no cinismo. 

É que a capacidade petista para a mentira tem origens diferentes, e mais antigas, do que a simples charamela lacrimosa dos espertalhões de voo curto. 

Pois o PT, no clássico figurino stalinista, sempre pode dar uma interpretação "de classe" às críticas que venha a merecer. 

Como o partido se julga o representante místico dos "trabalhadores", o financiamento escuso que receba de empreiteiras, as alterações legais casuísticas que promova em favor de uma empresa de telecomunicação, não representarão escândalo jamais. 

Ao contrário: aliar-se financeiramente a "setores do empresariado" que vivem à sombra das benesses do governo, e aliar-se politicamente à escória do Legislativo brasileiro, torna-se um sinal de esperteza política na linha dos fins justificam os meios. 

Autoabsolvido pelo venerável espírito hegeliano-marxista da História, o petismo pode fazer tudo o que condenava em seus adversários, e apresentar-se ainda assim como detentor das virtudes mais cristalinas. 

Quem apontar a farsa será tachado de inimigo dos trabalhadores e, na tese de uma imaginária "guerra de extermínio", o PT mostra apenas a sua própria tentação totalitária. 

Nessa lógica, que não admite críticas, faz-se de perseguido aquele que se apronta para perseguir; faz-se de vítima quem pretende ser algoz; faz-se de democrata o censor, de honesto o corrupto, de inocente o bandido. 

O PT perdeu a moral que tantas vezes ostentava quando na oposição. Perdeu a moral, mas não perde o autoritarismo, a mendacidade e a arrogância.

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